As coleções científicas documentam a existência das espécies no espaço e no tempo, preservando este conhecimento para o benefício da sociedade. Os exemplares conservados em museus e seus dados associados são utilizados em estudos sobre as inter-relações de plantas e animais com o seu meio e sobre inúmeros outros aspectos da biologia e ecologia das espécies. Esses exemplares servem para validar as pesquisas biológicas, assegurando que essas possam ser repetidas e comparadas com pesquisas futuras. Além disso, os exemplares-tipo e de referência das coleções científicas são essenciais para a identificação precisa de cada espécie. Os acervos científicos são, portanto, bibliotecas da vida, imprescindíveis para a expansão do conhecimento por meio da pesquisa e da educação.
As coleções científicas do Museu de Ciências Naturais (MCN) da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul constituem o maior acervo de material-testemunho da biodiversidade dos ecossistemas terrestres e aquáticos do Rio Grande do Sul. Além de ser uma ferramenta indispensável para estudos sobre a flora e a fauna regional, atual e fóssil, as coleções do MCN subsidiam a descrição de novas espécies. O MCN está entre as sete principais instituições de pesquisa do País, que, em conjunto, resguardam metade de todo o acervo científico brasileiro. É signatário do Acordo Internacional sobre Coleções Científicas, assinado no Reino Unido em 1995, e credenciado como instituição fiel depositária de componentes do patrimônio genético junto ao Conselho de Gestão do Patrimônio Genético – CGEN, do Ministério do Meio Ambiente, desde 2002.
As coleções científicas do MCN somam hoje cerca de 600 mil lotes/exemplares, distribuídos em 58 coleções. O acervo inclui coleções representativas da fauna e da flora regionais dos seguintes grupos: Algas (lâminas permanentes de Diatomáceas, Microalgas e exsicatas de Cianobactérias, banco de cultura de Cianobactérias), Plantas vasculares, Fungos e líquens, Zooplâncton, Insetos (Auchenorrhyncha, Lepidoptera, Blattaria, Mandodea, Hymenoptera, Hemiptera, Coleoptera, Diptera, Odonata, Orthoptera, Strepsiptera, Plecoptera, Dermaptera, Phasmida, Embioptera, Neuroptera, Trichoptera e Ephemeroptera), Crustáceos, Poríferos marinhos e continentais, Cnidários, Poliquetos, Equinodermos, Moluscos, Helmintos, Anelídeos, Miriápodes, Picnogônidos, Aracnídeos, Peixes, Répteis, Anfíbios, Aves, Mamíferos, Paleobotânica, Paleoinvertebrados, Paleovertebrados e Paleoicnofósseis.
Algumas coleções do MCN destacam-se no cenário nacional no que se refere à representatividade de espécies e número de exemplares. A coleção de aranhas, por exemplo, é a segunda maior do Brasil em número de lotes, atrás apenas da coleção do Instituto Butantã. A coleção de moluscos representa a terceira maior do Brasil em número de lotes, e a coleção de répteis situa-se entre as dez maiores do país. Merecem destaque, por sua importância científica, os mais de 3 mil espécimes-tipo, utilizados em descrições originais de espécies novas para a Ciência.
A curadoria de coleções científicas é um trabalho criterioso e extremamente especializado. Envolve tanto a zeladoria das coleções (coleta, identificação, preparação, preservação, armazenamento, catalogação e disponibilização do acervo) quanto a sua gestão, que inclui a incorporação de material biológico, a execução de protocolos de empréstimos, permutas e doações e a definição de políticas de acesso ao acervo e às informações da coleção. No MCN, a curadoria das coleções científicas é realizada por 19 especialistas e cinco técnicos, que contam com o apoio de bolsistas e estagiários.
Passo-a-passo da curadoria de coleções científicas: